E hoje lembramos de Charles Baudelaire nascido há 186 anos, em 9 de abril de 1821.
REMORSO PÓSTUMO
Quando fores dormir, ó bela tenebrosa,
Em teu negro e marmóreo mausoléu, e não
Tiveres por alcova e refúgio senão
Uma cova deserta e uma tumba chuvosa;
Quando a pedra, a oprimir tua carne medrosa
E teus flancos sensuais de languida exaustão,
Impedir de querer e arfar teu coração,
E teus pés de correr por trilha aventurosa,
O túmulo, no qual em sonho me abandono
-Porque o túmulo sempre há de entender o poeta-
Nessas mortes sem fim em que nos foge o sono,
Dir-te-á: “De que valeu, cortesã indiscreta,
Ao pé dos mortos ignorar o seu lamento?”
-E o verme te roerá como um remorso lento.
Um dos grandes precursores do Simbolismo.